A Realidade Fora da Tela

Enquanto muitos moradores de Franca e do país acordam sabendo de cor os detalhes sobre os participantes de reality show da TV, o que não é transmitido nas telinhas são as questões que afetam diretamente a vida de cada um nas ruas da cidade. Muitos preferem desviar o olhar da realidade para o que é mais fácil de digerir. Mas, ao fazer isso, esquecem-se de que os problemas que enfrentam todos os dias estão bem à frente de suas janelas.

Vamos tomar Franca como exemplo. Será que o morador da cidade sabe que…

O trânsito caótico na ponte da Vila São Sebastião, especialmente nos horários de pico, tem raízes no Plano Diretor de 1998? Esse plano determinou o crescimento da cidade para a Zona Oeste, mas negligenciou a infraestrutura necessária para suportar essa expansão.

Recentemente, a Prefeitura, com o aval dos vereadores, revisou o Plano Diretor, agora direcionando o crescimento da cidade para a Zona Sul. Essa região, antes negligenciada devido às suas nascentes e outros recursos naturais, agora enfrenta os efeitos de uma urbanização desenfreada, sem que se tenha dado a devida atenção ao impacto ambiental e à infraestrutura.

Em várias áreas da cidade, a natureza já foi severamente afetada, e o trânsito se torna cada vez mais difícil. Na ponte da Unifran, por exemplo, motoristas chegam a parar no acostamento da rodovia Ronan Rocha em busca de uma alça de acesso à universidade. Perguntamos: será que algo será feito antes que uma tragédia aconteça? Preferimos sempre noticiar boas notícias, mas a realidade nos exige mais do que isso.

E quanto aos estudos ambientais? Antes de mudar o Plano Diretor, será que foram feitos os devidos estudos sobre o impacto ambiental dessas mudanças? Como já mostramos, a fauna local está sendo empurrada para o centro urbano, resultando, muitas vezes, em animais sendo atropelados, principalmente por carros em alta velocidade.

Finalmente, o aeroporto. Após anos de espera, Franca voltou a ter voos comerciais com o Caravan, um nome que remete ao passado, quando uma aeronave com o mesmo nome operava na cidade há mais de 30 anos. Foi uma resposta à pressão da população. Mas, a questão é: será que vale a pena pagar cerca de R$ 1.000 para voar em um Caravan? Será que esse é o investimento certo para a cidade e para os cidadãos?

É hora de sair da frente da tela e olhar para o que realmente importa. A realidade está bem ali, ao nosso redor, e não vai esperar que a próxima temporada de um programa de TV comece para ser resolvida.

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