A recente divulgação da FF1 de que o Aeroporto Tenente Lund Presotto, em Franca, tem registrado menos de três passageiros por voo causou espanto, mas não deveria. O problema vai além da aviação: reflete um afastamento crescente entre o poder público e a população.
A própria Câmara Municipal, que tanto comemorou a volta dos voos comerciais, enfrenta dificuldade semelhante. Apesar de tratar de temas que impactam diretamente a vida da cidade, as sessões legislativas atraem pouquíssima atenção — tanto no plenário quanto nas plataformas digitais. Análises recentes mostram que as transmissões ao vivo no Youtube, por exemplo, raramente passam de 30 espectadores online.
Mais grave ainda é o conteúdo das discussões. Enquanto Franca enfrenta desafios locais urgentes, alguns vereadores preferem ocupar o tempo com pautas ideológicas ou irrelevantes para o município. Não surpreende que a comunidade se afaste de um debate que deixou de representá-la. Soma-se a isso a aprovação de projetos como o da criação de mais cargos comissionados, distanciando ainda mais o Legislativo da realidade dos cidadãos.
O Executivo também entra na equação. Se o prefeito celebrou publicamente a reativação do aeroporto, agora precisa liderar uma estratégia concreta para que os voos se tornem viáveis — ou corremos o risco de ver a conquista escorrer pelos dedos.
Tanto no aeroporto quanto na política local, a falta de público não é acaso. É reflexo de uma desconexão que precisa ser urgentemente revertida.