Passei o dia na frente do computador, sem saber o que fazer, mas não consegui me distrair. Há momentos em que parece que tudo o que você fez ao longo da vida não tem valor algum. E, paradoxalmente, você se sente feliz, pois é exatamente isso que desejava: não ser nada para se libertar de tudo. Mas, de repente, o mundo faz de você um “tudo” novamente, mesmo quando você se sente como “nada”. Entendeu? Eu também não. Por isso, serei o mais direto possível, na esperança de conseguir dormir um pouco em paz após tantas noites estranhas.
Peço desculpas por não ter incluído no noticiário todas as fotos e informações sobre as vítimas do acidente com os estudantes da Unifran. Tentei, mas não consegui seguir em frente. Às vezes, nos perdemos em questões que nos fazem esquecer o que realmente importa, como a vida das pessoas. Um exemplo disso é um juiz que nutre uma obsessão infundada por mim, mas que não posso corresponder, especialmente sabendo que ele recebe um salário bruto de R$ 265 mil por mês.
Para quem não sabe, o holerite de um juiz é bem diferente do de um trabalhador comum. A folha de pagamento do magistrado é repleta de vantagens, a ponto de vir com um glossário explicando os ganhos – e isso não é uma piada. Aliás, estou à procura de um patrão como o desse juiz marajá; se alguém tiver informações, por favor, me avise.
O que sei é que quando o sistema judiciário se alia à política e à imprensa, algo está muito errado. Essas situações contribuem para que inocentes, como esses universitários, morram sem sequer ter a chance de buscar um lugar ao sol por meio da educação. Vou encerrar por aqui, pois nem o dinheiro do juiz, o egoísmo dos políticos ou a ação de advogados inescrupulosos trarão de volta aqueles que estão perdendo a vida sem ter a oportunidade de lutar por seus sonhos.
Embora eu não possa trazer ninguém de volta, prometo que farei de tudo para exigir dessas “autoridades” um mínimo de respeito quando o assunto for a vida humana.
